domingo, 13 de fevereiro de 2011

Também há ai interesse, mas eu não tenho nada a ver com isso!

Não sou nem quero ser a ultima coca-cola do deserto.
Sabia-te uma pessoa de humor negro, agora desconhecia o facto de gostares de necrofilia!
Boa sorte ai na relação/ralação.
Eu até estava feliz quando sabia o quê, e não o quem!
Decadente....

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Final Feliz

Todas as histórias deveriam ter um final feliz. e esta é uma delas.
Ela foi para Paris com ele.
no primeiro mês passaram fome.
no primeiro ano passaram frio.
no segundo ano passaram dificuladades.


Ela chegou a casa, ele como sempre a escrever num canto do cubículo.
Ela entrega-lhe dinheiro, muito dinheiro.
não havia maneira de conseguir-lo de forma decente
e por isso ele recusou-se a perguntar de onde vinha.
Começou a vê-la sair cada vez mais arranjada, e cada vez mais tarde.


Num belo todo o esforço foi compensado, ele tinha sido finalmente convidado para escrever contos para uma revista.
Nesse mesmo dia ele chegou a a casa e ezegiu-lhe que ela parasse com aquela vida,
ele agora podia pagar as contas.
prometeu também que nunca se esqueceria do sacrifício dela.


Reconhecido, aclamado, a fama do nosso autor não parava de crescer.
Nova casa, nova cara, novos temas, perda de qualidade.
A presunção já não deixava transparecer o espírito irreverente que outrora cativaria a qualquer um que o lesse.
A frustração do nó criativo acumula-se á depressão da falta de originalidade que cada vês mais encontra nas suas obras.
Tudo isto dá origem aos mais variados falhanços artísticos e até íntimos
que os fazem voltar a condição de pobres artistas infelizes.
A mulher ao ver-se passar privações novamente, ao fim de alguns dias diz que sairá, e que nessa noite trará uma solução.
Veste-se caprichosamente e sai. Ele que apenas a vê sair arranjada, desconhecendo o que ela ia fazer assim como em tempos desconhecera mas sabia.


Quando volta a casa encontra-o estendido no chão morto.
Ela tinha ido a editora do amante e tinha conseguido com as suas primeiras obras o contrato da edição das mesmas.
A história do autor que morreu de desgosto por a sua obra não ter vingado ecoava por todos os cantos da cidade.
Passaram pouco mais que 3 dias do funeral e ela recebeu um telefonema, damos-lhe muito dinheiro por qualquer manuscrito do seu falecido esposo.
A palavra esposo soava-lhe mal mas ela promete procurar e leva-los ao editor assim que possível.
Não podia estar mais feliz, ele tinha ido mas a obra tinha ficado, todo o seu universo literário ia ser deixado como um legado para o mundo que ele já não habitava.


Ao procurar os manuscritos ela depara-se com cartas que demonstravam bem o que ele andava a fazer com a senhoras intelectuais parisienses enquanto ela estava em casa.

Pensou em fazer como a Heda e queimar os manuscritos.
Pensou ainda em ficar com as obras dele e as edita-las em seu nome.
Continuou apesar disso a ler sadicamente cada pormenor e a organizar as coisas para levar a editora no dia seguinte.

Ela nunca entendeu que ele não a traiu, e que aquilo eram cartas que ele escrevia a varias projecções dela própria , pois durante o tempo em que ela se prostituía por ele, ele ao imagina-la possuída por outros, não encontrava sentido maior que esperar por ela alimentado a memória e a paixão com cartas apaixonadas que ela nunca leria.

Ficaram os dois equivocados.
Mas os seus nomes atravessaram gerações juntos.
Nos livros dele com os prólogos dela , que nem depois das cartas descobertas, continham uma única réstia de ressentimento.