quarta-feira, 18 de março de 2009

PAI

Tendo em conta que eu sempre enfrentei isto da melhor maneira possível, não entendo este meu rasgo repentino de melancolia.
Mas hoje é dia do pai, mas também não e por isso que me estou a demora mais do que o costume quando penso em ti, ou quando para mi e em mi comunico contigo.
Lembrei-me hoje de um mail que me mandas-te na época da morte do meu avo( tenho a ideia de que a ultima vez que te vi foi no funeral dele) e tive necessidade de o ir ler, está a ser estranho para mi lidar com isto agora. Tendo em conta eu achar a tua morte um episodio completamente ultrapassado na minha vida.
E já com lágrimas nos olhos penso que nos nunca fomos pai e filha, que nunca te disse que te admiro imenso, que te admiro como homem, pois como pai nunca te conheci.
Sinto falta de ter uma fotografia tua, nem isso tenho. Sinto falta do livro da Florbela espanca dos teus cães da avó daquela casa, da esperança que acho que tinhas em mim.
E choro outra vez por ti, por mi, pela efemeridade das coisas .Por teres sido tão grande e tão inteligente e isso não te ter feito nunca seres feliz.

Leio o teu e-mail e mais uma vez e pergunto-me: porque é que não te respondi?
Porque é que não te amei? E porque é que não sou eu feliz…

E leio o teu mail como se me estivesses a consular pela tua própria morte. E sorrio no meio de lágrimas.
"
(Sem Assunto)‏
De: Luís Rodrigues (lfpippe@hotmail.com)

Enviada: sexta-feira, 6 de maio de 2005 0:20:24
Para: tuguinh@hotmail.com
Boa noite Vanda.
Reparei agora que entraste online. Desculpa a minha maneira de teclar mas não estou muito habituado à Vossa.
Espero que te estejas a aguentar o melhor possível.
Este mail é só para tu saberes que o lfpippe sou eu.
Um beijo do teu pai!"

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